terça-feira, 10 de julho de 2012
Cardeal Dom Eugênio Sales morre aos 91 anos no Rio
Religioso foi um dos nomes mais proeminentes da Igreja Católica no Brasil e se destacou pela proteção a refugiados políticos das ditaduras no Cone Sul

O cardeal Dom Eugênio Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro e um
dos nomes mais proeminentes da Igreja Católica no Brasil, morreu na
noite desta segunda-feira, na capital carioca. Ele tinha 91
anos. Segundo a assessoria da Arquidiocese do Rio de Janeiro, ele estava
em casa, na Estrada do Sumaré, zona norte da cidade, e morreu de
infarto.
O velório será nesta terça-feira, na Catedral Metropolitana de São
Sebastião, no centro do Rio. O sepultamento ainda não está confirmado,
mas deve ocorrer na quarta-feira, após o irmão de Dom Eugênio, Dom
Heitor Sales, voltar de uma viagem à Europa.
De perfil conservador e defensor da ortodoxia católica, Dom Eugênio
combateu doutrinas esquerdistas na Igreja, como a Teologia da
Libertação. Ao mesmo tempo, ajudou a salvar a vida de mais de 5.000
perseguidos políticos – entre brasileiros, argentinos, chilenos e
uruguaios – das ditaduras militares do Cone Sul, entre 1976 e 1982. Da
mesma forma, denunciou a tortura de presos comuns e se recusou a receber
honrarias dos generais no poder.
A Arquidiocese do Rio emitiu nota oficial na qual destaca a fé do
religioso e sua abnegação no cumprimento da função sacerdotal: "Dom
Eugenio de Araujo Sales, o mais antigo Cardeal da Igreja Católica, era
Cardeal Presbítero da Santa Igreja Romana, do Título de São Gregório
VII. Seu lema, fundamentado na Carta de São Paulo aos Coríntios, foi: 'Impendam et Superimpendar'
('De muito boa vontade darei o que é meu, e me darei a mim mesmo pelas
vossas almas, ainda que, amando-vos mais, seja menos amado por vós')".
Antonio Ribeiro

Dom Eugênio Sales: sem medo dos generais
Trajetória – Nascido em Acari, no Rio Grande do Norte,
em 8 de novembro de 1920, Dom Eugênio foi ordenado sacerdote em 1943,
após estudar filosofia e teologia no Seminário da Prainha, em Fortaleza.
Depois de atuar na Arquidiocese de Natal como bispo auxiliar e
administrador apostólico, tornou-se arcebispo de Salvador e primaz do
Brasil em 1968. No ano seguinte, foi nomeado cardeal pelo papa Paulo VI.
Nessa época, Dom Eugênio foi um dos criadores das Comunidades Eclesiais
de Base (CEBs ) e da Campanha da Fraternidade. Três anos depois, se
tornou arcebispo do Rio de Janeiro, função que exerceu até 2001, quando
renunciou e foi substituído por Dom Eusébio Scheid. Após a morte do
papa João Paulo I, em 1978, o nome de Dom Eugênio Sales foi um dos
cogitados para suceder o pontífice.
Repercussão – Em nota divulgada na madrugada desta
terça, o governador do Rio, Sérgio Cabral, lamentou a morte do cardeal e
decretou luto oficial de três dias no estado. "Dom Eugênio Sales era
amado pelo povo do Rio de Janeiro. Nas últimas décadas, a sua liderança
religiosa foi a mais importante do nosso estado. Vamos decretar três
dias de luto", afirmou Cabral.
O atual arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, destacou a atuação
do religioso durante as ditaduras militares. "Dom Eugênio Sales foi um
homem de Igreja, que seguiu Jesus Cristo. Soube estar presente nos
momentos do Brasil, na questão dos refugiados, dos perseguidos. Ao mesmo
tempo, teve sua presença junto ao Vaticano. Ele deixa marcada sua vida
pela sua presença significativa na Igreja e no Brasil", declarou.
"Lembramos de sua atuação, principalmente, na Favela do Vidigal,
ajudando os mais necessitados. Foi alguém que, ao mesmo tempo, nunca
deixou a fidelidade ao seu amor à Igreja e ao Santo Padre".
A morte de Dom Eugênio também foi comentada pelo prefeito do Rio de
Janeiro, Edurado Pes. "Dom Eugênio Sales zelou por nossa cidade durante
décadas. Grande homem de Deus, ele será sempre lembrado por sua
sabedoria, a força de seus ensinamentos, a perspicácia com que
comunicava e defendia sua fé e o exemplo de caridade nos anos mais
difíceis da história brasileira. Que ele continue protegendo e
abençoando o Rio e os cariocas".
FONTE E REDAÇÃO: http://veja.abril.com.br
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