
Nilton Fukuda/AE
"Em depoimento, Elize Matsunaga confessou ter matado o marido"
A
bacharel em Direito Elize Araújo Kiutano Matsunaga, de 38 anos,
confessou em depoimento ao Departamento de Homicídios e Proteção à
Pessoa (DHPP) que matou e esquartejou o marido Marcos Kitano Matsunaga,
de 42 anos, diretor da Yoki, por ciúmes.
Após oito horas de
depoimento, o diretor do DHPP, Jorge Carlos Carrasco, diz que não há
dúvidas em relação à autoria do crime e acredita que o assassinato não
foi premeditado. Elize afirmou que realizou tudo sozinha e atirou contra
o marido após uma discussão. Uma perícia será realizada ainda hoje no
apartamento onde ocorreu o crime.
Segundo Carrasco, Elize teria
usado técnicas aprendidas ao trabalhar em um centro cirúrgico para
desmembrar o corpo, deixando o cadáver em um quarto durante 10 horas
antes de esquartejá-lo na cobertura do casal, na Vila Leopoldina. A arma
- uma pistola 380 - e a faca - com uma lâmina de 30 centímetros -
usadas no assassinato, embora ainda não tenham sido localizadas, devem
ser analisadas quando forem encontradas. Elize apontou os locais com as
provas durante o depoimento.
As malas usadas para carregar as
partes do corpo também não foram encontradas. Os restos mortais da
vítima foram espalhados paulatinamente por Cotia e as malas deixadas em
outro local, afirmou Carrasco.
A prisão temporária de Elize,
ocorrida na segunda-feira, 4, será prorrogada por mais 15 dias. A
reconstituição do crime não será realizada hoje. Ela deve ser indiciada
por homicídio qualificado, com ocultação de cadáver. Até o depoimento
desta quarta-feira, Elize negava o crime. De acordo com a polícia, ela
contratou um detetive particular para seguir o marido e descobriu
seguidas traições.
Família Yoki. Marcos é neto do fundador da
Yoki, Yoshizo Kitano. A empresa esteve envolvida em um conturbado
processo de venda que terminou na semana passada com sua aquisição, por
R$ 1,95 bilhão, pelo grupo americano General Mills, um dos maiores
conglomerados de produtos de gêneros alimentícios do mundo – enquanto
Marcos ainda estava desaparecido.
O empresário deixou um seguro de
vida de R$ 600 mil, que tinha a mulher como uma das beneficiárias.
Elize e Matsunaga eram casados havia dois anos e tinham uma filha de 1.
Foi o segundo casamento dele, que tinha outra filha do relacionamento
anterior.
Indícios. Entre os fatos que levaram a polícia a
desconfiar de Elize, estão imagens de vídeo que mostram Matsunaga
entrando no prédio em que moravam às 18h30 do dia 19, com a mulher, a
babá e a filha, de 1 ano, vindos do aeroporto, segundo a polícia. Ele
desceu uma hora depois para buscar uma pizza e voltou ao apartamento.
Depois disso, não saiu mais com vida.
No dia seguinte, depois de
dar folga à baba no período noturno, Elize deixou o prédio pelo elevador
de serviço, às 11h30, carregando três malas. Retornou às 23h50, já sem
as malas. À polícia, ela disse informalmente que pretendia viajar para o
Paraná, onde nasceu, mas desistiu no meio do caminho.
Segundo o
Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Elize doou à
Guarda Civil Metropolitana, após o crime, uma pistola 765, de mesmo
calibre da que foi usada para matar o empresário. Segundo a polícia, ela
era exímia atiradora, assim como o marido, que foi morto com um tiro à
queima-roupa no lado esquerdo da cabeça. Ela é destra. Ele era
colecionador de armas. Exames de balística vão dizer se o projétil
encontrado no crânio foi disparado pela arma doada por Elize.
As
investigações da polícia mostraram que partes do corpo do empresário
foram congeladas antes de o assassino se desfazer delas, paulatinamente.
Elas estavam em sacos plásticos. A polícia disse que o apartamento do
casal tinha mais de um freezer.
FONTE: http://estadao.br.msn.com
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